4.10.08


Há dias em que por vezes a saudade aperta. Os momentos ficam presos em nós e não saem tão cedo. Há manhãs que depois de acontecerem, mudam para sempre a vida de alguém. Aquelas manhãs em que obtemos a resolução de uma vida, uma decisão. Eu sei que hoje, isso não vai acontecer sem que algo aconteça primeiro. Esta manhã está longe dessa. Está longe de ser a manhã com que toda a gente acorda a desejar. Aquela que se vê em sonhos e se espera no dia seguinte. Aquela manhã em que os nossos sonhos ainda existem e a realidade não passa de um sonho. Hoje acordei por entre os lençóis amolgados, como carros num acidente, e os olhos ainda viram o que viram em sonhos, ainda o sentem, e a imagem daquele ainda aparece delineada no escuro, como marcas na pele.
Esta manhã não é uma daquelas que muda a vida de uma pessoa. O sol aparece em intervalos curtos, o frio sente-se anunciando a morte do verão. Esta manhã é só uma saudade que aperta o peito. Uma saudade de mim. Uma saudade de tudo.

4 comentários:

Cristiana Felgueiras disse...

Há noites em que a lua desaparece e a grande viagem acaba num planeta inventado, entre memórias passadas e que rebentam na barriga. Entre futuros que o passado matou.

É obra dos deuses.

D. disse...

saudades dos dias que corriam simples com uma sorriso na almofada do lado, um abraça no lençol em frente, um beijo na testa debaixo do chuveiros e promessas de um amor eterno, tal e qual como nos livros.

Anónimo disse...

Essas manhãs, assim, aproveitam-se para nos virarmos para nós, sentirmos o aconchego que é estar com nós próprios, metermo-nos na concha, refletirmos... E gostar dessa sensação que é gostar de nós...

Unknown disse...

Como eu entendo tao bem essa Saudade.. e quem me dera sentir saudades da Saudade..

Era bom sinal..