14.10.07


O amor carrega nos seus passos a palavra que o diz. E sabe subir-nos de forma incerta e descompassada. Sabe suspender todo o nosso corpo no ar, lentamente, tão lentamente como a lentidão da Terra a girar. E nós não sabemos nem o sentimos a subir. Só no fim é que sabemos que ele desceu. Só no fim é que sabemos que ele continua a subir desenfreadamente pelos fios de cabelo inexistentes. O amor é a certeza inconsciente das palavras proferidas. É o dizer tudo e o pensar que o que se disse ainda é pouco. E quando o amor não nos ama, pensamos que o que dissemos foi demais, bem demais que aquilo que queríamos, podíamos ou desejávamos dizer. O amor é uma guerra a céu aberto, em que todos somos soldados à espera de o combater e no fim acabamos sempre por morrer…no fundo todos sabemos que vamos morrer nessa guerra, tal como sabemos que vamos morrer um dia.
O amor é não pensar e quem pensa não ama, porque quem ama é cego, surdo e mudo. O amor é ter a cabeça no chão.
Eu amo o amor, só não amo quem o ama também. E para mim o amor é amar quem não o ama. O amor é isso e nada mais. O amor é uma simples quantidade de linhas escritas e pensadas à pressa numa manhã escassa e numa noite que me foge.