1.11.08

É a dor e a solidão a chamarem-me para falar. São quase oito da manhã, mas elas sabem como me chamar. Têm mecanismos próprios que nos levantam os lençóis e deixam o frio entrar. O frio. O frio e o vazio lambem-me a pele e beijam-me os olhos na certeza de que serão os meus amantes esta noite e depois. Eles não me dão amor, mas eu procuro-os com a sede de um copo de água. Eles não me afagam, mas é tudo o que há por agora. Eles são o nosso fruto. Porque é que nos deixamos arrastar por eles? Porque é que não conseguimos simplesmente virar-lhes as costas e seguir por ali? Diz-me tu.