18.12.06

Tristes são os sonhos que guardo para mim. Porque neles encerro quem sou. Porque a todos não mostro o que neles encerro. Às vezes queria plantar sonhos e fazê-los nascer como nascem as ervas daninhas. Mas os sonhos são coisa rara. Os sonhos escrevem-se a lápis, nunca a tinta. Isso é ruim. Os sonhos deviam ser escritos a tinta. Daquela tinta que não sai e fica sempre gravada no lugar dos sonhos. Leva-me ao lugar dos sonhos. Levo sim. Agarra a minha mão e vamos ao lugar dos sonhos, onde os sonhos se plantam e crescem como ervas daninhas e se escrevem a tinta permanente.

(As palavras nunca parecem demais para preencher o branco da folha. O ritmo da caneta parece-me bem. Escrever é belo e é bom. Mas às vezes uma palavra a mais, faz-nos pensar, devia parar por aqui. Eu paro. Talvez pare por aqui, mas aqui…sim aqui dentro, não paro.)